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Escola Sem Partido, ser ou não ser.


Em voga está o debate sobre a ‘Escola Sem Partido’ e o que inicialmente me pareceu algo simples de opinar, agora tornou-se algo bem mais complexo de se posicionar. Evidentemente que os polos, direita e esquerda, já se posicionaram, enquanto que entre os Libertários ainda não existe consenso.

Diante dessa possível aporia decidi conhecer os pontos de vista e delinear a minha própria opinião.

Os opositores a proposta, representado principalmente pelas correntes de esquerda, criticam a ‘Escola Sem Partido’ porque acreditam que ela representa um cerceamento do pensamento dentro da sala de aula. Alguns libertários defendem que este movimento abre precedentes para maior controle do estado e aumento dos custos, sobretudo com judicialização.

Os defensores dizem que existe doutrinação na escola e almejam maior democratização do pensamento e proteção a aqueles que possuem um pensamento divergente ao mainstream acadêmico.

E o que eu acho?

Bem, que existe doutrinação ideológica na maioria dos cursos da Academia, sobretudo nos cursos de ciências humanas, é evidente. Cursei História e Economia e lembro-me que os três anos de história foram dominados quase exclusivamente pelo marxismo, um dos motivos que me fez mudar para Economia onde tive um espectro muito maior de visões. E quem dera fosse só onde estudei, qualquer um que divirja dos dogmas marxistas terá muitas dificuldades nas Universidades e Faculdades brasileiras. Existindo esse posicionamento, o próximo questionamento lógico é se essa doutrinação ideológica é trazida para as escolas. Tenho uma filha de onze anos e parei de ir à escola questionar esse tipo de posicionamento porque, infelizmente, quando a Escola e professores são contrariados quanto aos seus posicionamentos políticos-ideológicos, estes tendem a “complicar” o progresso acadêmico do aluno, seja na rede pública ou, acreditem, na rede privada. Então sim, existe doutrinação e é descarada. Inclusive, os professores consideram que é “inerente a função de professor transcender suas convicções sobre as aulas”.

Partindo da ‘lógica’ que é permitido ao professor transparecer suas ideologias e até enaltece-las em sala, certa vez perguntei a um professor alinhado a esquerda o que ele achava de um educador qualquer que pregasse apologia ao nazismo, à pedofilia, a supremacia masculina e/ou até, porque não, ao genocídio e ao estupro, considerando que é “inerente a função de professor transcender suas convicções sobre as aulas”. Naturalmente que ele considerou um absurdo, mas resumindo todo o debate que tivemos depois é evidente que essa “transparência” só serve para quando as ideologias do professor estão alinhadas com o mainstream acadêmico, ou seja, é conveniente.

Outro aspecto, agora alinhado com os antagonistas ao projeto, será que esta iniciativa não pode se tornar um mecanismo de censura? Conhecendo o movimento “Escola sem Partido” eles defendem a redução da manipulação ideológica de QUALQUER origem, seja direita, esquerda ou qualquer outra. Contudo sabemos que entre a concepção da ideia e a sua aplicação efetiva existe uma grande distância, logo muitos atores e interesses envolvidos podem distorcer o projeto em favor dessa ou daquela corrente econômica e/ou ideológica. O receio maior seria a influência das religiões mais conservadoras sobre o conteúdo ministrado e neste quesito também compartilho grandes temores.

O próximo argumento é a necessidade de reconstruirmos nosso modelo educacional porque, sinceramente, falhamos miseravelmente. E não me venham com a retórica ideológica porque os números são claros, nosso posicionamento nos rankings internacionais, seja na escola ou na academia, estão sempre nas piores colocações e a décadas já passou o momento de repensarmos o ensino no Brasil.

Não consigo entender como, diante tanta tecnologia e interconectividade, as academias brasileiras ainda discutem como modelo de educação Vygotsky (1896-1934), Piaget (1896-1980) ou Freire (1921-1997) sabendo que em seus momentos históricos sequer se imaginava toda essa interação global, democrática e em tempo real. Ao meu ver esses autores não deveriam passar de referências históricas e o ensino deveria ser sustentado por estruturas intelectuais mais contemporâneas e referências internacionais que realmente trouxeram avanços significativos, concretos e mensuráveis (com dados analisados friamente, sem o viés ideológico que “encaixa” os números a vontade do autor) para o ensino dos países que se destacam nos rankings de ensino.

Mas, atualizar-se e estudar materiais estrangeiros, comumente em outras línguas e de países com vieses menos marxistas não parece ser uma prerrogativa dos professores acadêmicos, assim como criar métodos refinados de avaliação e meritocracia para avaliar a qualidade do ensino também não é. Somos bombardeados na academia com marxismo e tudo que ele orbita, mas os métodos que na prática vem sendo difundidos no mundo sequer se houve falar na academia, como se ali o mais importante fosse “catequisar” o indivíduo e não prepara-lo para ensinar. Se desacredita o que escrevi agora, pergunta a um pedagogo o que é mais-valia (algo que sequer faz sentido para atividade de lecionar) e ele prontamente responderá de forma assertiva, mas então pergunte se ele conhece os métodos Stem, Khan ou mesmo o Waldorf.

Desta forma não creio que devemos simplesmente ignorar essa ideia, devemos sim discutir novas propostas e testá-las senão estaremos fadados a continuar na mediocridade.

Para concluir e firmar a minha posição, acredito que devemos defender a ideia da “Escola Sem Partido”, mas tenho dúvidas sobre sua aplicabilidade.

Abaixo coloco algumas referências interessantes.

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